A Síndrome do Pobre Coitadismo: O Drama Que Morava ao Lado
- Paulo Jussio
- 20 de mai.
- 2 min de leitura

Era uma vez uma criatura chamada Coitadito. Onde quer que estivesse — no trabalho, na fila do banco ou no grupo da família no WhatsApp — ele sempre dava um jeitinho de ser a estrela do drama.
Se chovia, era a única alma encharcada. Se fazia sol, era a única que derretia.
Se alguém dizia “bom dia”, ele respondia: “seria, se eu tivesse dormido”.
Coitadito é o retrato lúdico de uma síndrome real e bem comum: o coitadismo.
Uma espécie de lente que transforma qualquer pedra no sapato num meteoro em queda livre.
Mas o que é o coitadismo, afinal?
O coitadismo é um comportamento repetitivo de quem vive buscando compaixão e pena dos outros. É como se a pessoa vestisse um manto invisível de vítima do mundo e andasse com uma plaquinha pendurada no pescoço: “Veja como sofro. Me abrace, me ouça, me salve”.
Geralmente, quem vive nessa postura:
Se vitimiza com frequência: nada nunca é culpa sua, sempre do outro, do sistema, do universo.
Exagera os problemas: um tropeço vira fratura, uma crítica vira perseguição.
Dramatiza as situações: tudo é vivido como um episódio de novela mexicana.
Depende emocionalmente dos outros: precisa constantemente de apoio, validação e palmas.
E por que isso é um problema?
Viver no modo “coitadinho crônico” é um caminho perigoso. Isso porque:
Cria um ciclo de autocomiseração, em que a pessoa acredita que nunca poderá melhorar sozinha.
Gera dependência emocional, pois está sempre esperando que os outros resolvam suas dores.
Dificulta o amadurecimento e a autonomia, já que assume pouco ou nenhum protagonismo na vida.
É como tentar atravessar uma ponte de olhos vendados esperando que alguém carregue você no colo — a ponte tá ali, mas você não se move.
Todo mundo tem um pouco de Coitadito
Vamos ser sinceros? Todos nós já visitamos o bairro do Coitadismo vez ou outra.
Em dias ruins, nas frustrações amorosas, nos perrengues da vida.
O problema é quando a gente monta acampamento lá, planta bananeira e ainda convida os outros pra sentar na beira do abismo com a gente.
Como sair dessa armadilha?
Reconheça os padrões: pare e reflita se você tem dramatizado mais do que a situação merece.
Assuma responsabilidades: nem tudo é culpa sua, mas muita coisa está sob seu controle.
Busque ajuda verdadeira: terapia, leitura, boas conversas — não para reforçar o drama, mas para desarmá-lo.
Troque pena por potência: em vez de esperar colo, aprenda a se levantar com dignidade.
Final feliz? Depende de você
A síndrome do coitadismo pode ser vencida.
Não com mágica, mas com consciência e coragem. Saia do script da vítima e escreva o roteiro de protagonista. Porque, vamos combinar: drama só é bom na TV.
Na vida real, o que a gente precisa mesmo é de protagonismo, responsabilidade e um pouquinho de leveza.
Ah, e se encontrar o Coitadito por aí... dê um abraço.
Mas não deixe ele te puxar pro palco. A peça já terminou.
Paulo Jussio
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